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Großer Wurf
Das Henschel Quartett beim Alcobaça Festival Portugal
Das Konzert wurde mit dem Quartett Nr. 22 in B Dur KV 589 von Mozart eröffnet. Im ersten Satz trat bereits die enorme Qualität und interpretative Genauigkeit des deutschen Quartetts zutage. Das Ensemble spielte mit der Präzision einer Schweizer Uhr und eroberte sofort das Publikum im Saal.
Die Magie konsolidierte sich in der nächsten Interpretation, dem Streichquartett Nr. 1 von Schulhoff, indem das Quartett nach einem leidenschaftlichen und vibrierenden Einstieg mit einer fließenden und unwiderstehlichen Verführung im 2. Satz bestach, vor einem Publikum, das dieser faszinierenden und bahnbrechenden Komposition (…) absolut erlegen war.
Nach der Pause interpretierte das Henschel Quartett das Streichquartett Nr. 1 op. 18 von Beethoven auf exemplarische Art und Weise, und bewies somit allen Anwesenden, dass sie einem der besten Konzerte in der Geschichte des Festivals beigewohnt hatten. Eine wundervolle und subtile Zugabe, die Cavatina von Beethoven, unterstrich noch einmal die Exzellenz des Konzerts, das wir erlebt hatten: Es war perfekt!
Cister
José Alberto Vasco, 11.07.2016
Original-Text:
Um tiraço no porta-aviões
Recordo muitas vezes uma usual sugestão do meu avô paterno, argumentando que tudo o que era feito na Alemanha era bom. E isso aplica-se não só a automóveis e maquinaria pesada, mas também às artes, nomeadamente a musical. Foi nesse embalo que me desloquei no passado domingo ao Celeiro do Mosteiro de Alcobaça, para assistir a um concerto do Cistermúsica 2016 em que a aposta era bastante alta, não só pela expetativa criada em torno da estreia em Portugal do Henschel Quartett, mas também pelo programa anunciado, que, incluindo dois quartetos de cordas dos geniais Beethoven e Mozart, nos reservava ainda uma obra do relativamente desconhecido Erwin Schulhoff.
Foi ao Quarteto nº 22 em si bemol maior KV 589 de Mozart que couberam as honras de abertura do concerto e, o mínimo que se poderá escrever, é que logo no seu primeiro andamento se confirmaram a enorme qualidade e rigor interpretativo do quarteto alemão em palco, que, tocando com a precisão de um relógio suíço, começou desde logo a conquistar o público presente na sala.
O encanto foi-se consolidando até ao início da sua interpretação seguinte, o Concerto de Cordas nº 1 de Schulhoff, em que, após a sua fogosa e vibrante entrada, iniciariam uma fluente e irreversível sedução no seu segundo andamento, perante uma plateia completamente rendida àquela fascinante e arrojada produção, escrita em 1924 pelo compositor checo, claramente alinhado com o que à época mais avançado se concebia a nível musical. Após um revigorante intervalo, o Henschell Quartett regressaria ao palco para interpretar o notável Quarteto de Cordas nº 1 em fá maior, op. 18 nº 1 de Beethoven, fazendo-o mesmo do modo que essa peça exige, ou seja, exemplarmente, confirmando ter-se assistido naquela sala a um dos melhores concertos de sempre do festival. Um delicioso e subtil encore, interpretando a Cavatina de Beethoven, teve o condão de confirmar a excelência do concerto que presenciáramos: um tiraço no porta-aviões!, como diria o meu espirituoso avô.